sexta-feira, 9 de abril de 2010

Os Pais Envelhecem


Talvez a mais rica, forte e profunda experiência da caminhada humana seja ter um filho. Ser pai ou mãe é provar os limites que constituem o sal e o mel do ato de amar alguém.

Quando nascem ,os filhos comovem por sua fragilidade, seus imensos olhos, sua inocência e graça.Eles chegam à nossa vida com promessa de amor incondicional. Dependem de nosso amor, dos cuidados que temos. E retribuem com gestos que enternecem.

Mas os anos passam e os filhos crescem. Escolhem seus próprios caminhos, parceiros e profissões. Trilham novos rumos, afastam-se da matriz.

O tempo se encarrega da formação de novas famílias.Os netos nascem. Envelhecemos.

E então algo começa a mudar.

Os filhos já não têm pelos pais aquela atitude de antes.Parece que agora só os ouvem para fazer críticas, reclamar, apontar falhas. Já não brilha mais nos olhos deles aquela admiração da infância. E isso é uma dor imensa para os pais.

Por mais que disfarcem, todo pai e mãe percebem as mínimas faíscas nos olhos de um filho. Apenas passaram-se alguns anos e parece que foram esquecidos os cuidados e a sabedoria que antes eram referência para tudo na vida.

Aos poucos, a atitude dos filhos se torna cada vez mais impertinente. Praticamente não ouvem mais os conselhos. A cada dia demonstram mais impaciência. Acham que os pais têm opiniões superadas, antigas.

Pior é quando implicam com as manias, os hábitos antigos, as velhas músicas. E tentam fazer os velhos pais adaptarem-se aos novos tempos, aos novos costumes.

Quanto mais envelhecem os pais, mais os filhos assumem o controle. Quando eles estão bem idosos,já não decidem o que querem fazer ou o que desejam comer e beber. Raramente são ouvidos, quando tentam fazer algo diferente. Passeios, comida, roupas, médicos, tudo passa a ser decidido pelos filhos.

E, no entanto, os pais estão apenas idosos. Mas continuam em plena posse da mente. Por que, então, desrespeitá-los? Por que tratá-los como se fossem inúteis ou crianças sem discernimento?

E, no entanto, no fundo daqueles olhos cercados de rugas, há tanto amor. Naquelas mãos trêmulas há sempre um gesto que abençõa, acaricia. A cada dia que nasce, lembre-se, está mais perto o dia da separação.Um dia , o velho pai já não estará aqui. O cheiro familiar da mãe estará ausente. As roupas favoritas para sempre dobradas sobre a cama, os chinelos em um canto qualquer da casa.

Então valorize o tempo de agora com os pais idosos. Paciência com eles quando se recusam a tomar remédios, quando falam interminavelmente sobre doenças, quando se queixam de tudo.

Abrace-os, enxugue as lágrimas deles, ouça as histórias, mesmo que sejam repetidas, e dê-lhes atenção, afeto....

Acredite: dentro daquele velho coração brotarão todas as flores da esperança e da alegria.

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